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Por que as Normais Climatológicas ainda importam? - Parte 3

Atualizado: 18 de nov.

Se você chegou até aqui, então vimos na Parte 2 desta série como o Clima oscila em torno das médias históricas e como o cálculo das Anomalias ajuda a revelar essas variações ao longo do tempo. Agora, na Parte 3, o foco se volta para a perspectiva de quando as médias em si mudam. Afinal, se o Clima está em transformação, é de se esperar que as próprias Normais Climatológicas também sejam modificadas com o passar das décadas.


Considere os dois mapas na Figura abaixo, que mostra diferenças entre as Normais de 1991-2020 e 1961-1990 para as médias anuais de Precipitação (a) e Temperatura Média (b) em pontos correspondentes espalhados pelo Brasil. O que podemos entender sobre as mudanças entre os dois períodos? Antes de chegarmos a esse ponto, vale a pena ter em mente uma perspectiva histórica das coisas.


Mapas de Variações de Precipitação anual (a) e Temperatura Média anual (b) para pontos correspondentes entre as Normais Climatológicas de 1991-2020 e 1961-1990 pelo Brasil.
Mapas de Variações de Precipitação anual (a) e Temperatura Média anual (b) para pontos correspondentes entre as Normais Climatológicas de 1991-2020 e 1961-1990 pelo Brasil.

Caso você seja uma pessoa nascida em meados dos anos 90, como este que vos escreve, então seria como se você estivesse comparando o período climático em que você viveu a sua vida praticamente inteira (1991-2020) em relação ao período em que seus pais provavelmente estavam nascendo, crescendo e virando pessoas adultas (1961-1990).  


Voltando ao mapa, os pontos representados por um triângulo apontado para cima representam locais em que a variação entre as médias históricas é positiva e vice-versa, enquanto que os pontos representados por um círculo indicam que não há mudança. A primeira caraterística que você pode perceber é que o primeiro mapa (a) mostra um comportamento mais bem distribuído entre locais com variação de precipitação maior ou menor em relação às Normais, dependendo também de onde você está olhando. 


Por exemplo, temos Estados como Amazonas, Pará e Minas Gerais que têm uma distribuição de certa forma mais equilibrada de pontos tanto com variação positiva quanto negativa. Outras áreas, como entre os Estados do Nordeste, têm claramente uma distribuição majoritária de pontos de variação negativa, enquanto os pontos da Região Sul são principalmente positivos. O que isso quer dizer? Em bom português, quer dizer que temos regiões no Brasil que tiveram redução do volume anual de precipitação e ficaram mais secas, enquanto outras tiveram aumento e ficaram em média mais chuvosas com o passar das últimas décadas. 


O segundo mapa (b) é mais homogêneo no sentido de que praticamente todos os pontos estão mostrando uma diferença positiva de temperatura, com a única exceção negativa de 84 locais ao total sendo o município de Uruguaiana no Rio Grande do Sul. Isso quer dizer que apenas um ponto não ficou mais quente em relação ao período climático mais recente entre todos os outros pontos comparados. Além disso, apenas um outro local não mostrou nenhuma variação de temperatura média entre os dois períodos: Bagé (RS). Essa coerência no sentido de variação de temperaturas é muito maior que na variação de precipitação, que é espacialmente mais diversificada como vimos no mapa (a).


Mesmo com o vazio de dados evidente, podemos ver que o Brasil tornou-se um país mais quente em geral no período climático mais recente em relação ao anterior. Caso você seja hoje em dia um jovem adulto nascido nos anos 90, então há grandes chances da temperatura média do Clima que você conheceu em toda a sua vida seja mais elevada do que na época em que seus pais estavam com a sua idade.


Esse comportamento é válido não só para o Brasil, mas para praticamente todas as áreas habitadas por humanos em nosso planeta (Hoegh-Guldberg et al., 2018, p. 282). Temos então um possível sinal do que chamamos de Aquecimento Global, que significa exatamente o que o nome sugere: um aumento consistente das temperaturas pela maior parte da Terra mas esse é um tópico para outro dia. Com isso, encerramos esta série reforçando a importância de compreender o Clima não apenas como um amontoado de conjuntos de dados, mas como uma história de variações, transformações e mudanças.   

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