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Por que as Normais Climatológicas ainda importam? - Parte 1

O Clima pode ser entendido, na prática, como uma síntese estatística do Tempo meteorológico. Por isso mesmo, o nosso entendimento do que é o Clima depende diretamente de grandes bases de dados e da qualidade das mesmas. Por convenção, a Organização Meteorológica Mundial (OMM) definiu o uso de períodos de 30 anos consecutivos atualizados a cada década como referência para estabelecer o comportamento climático básico de um local qualquer.


O período de referência mais atual é o de 1991-2020 e será atualizado após 2030 para o intervalo de 2001-2030. A partir de médias aritméticas de variáveis como precipitação e temperatura dentro destes períodos de tempo, temos o que chamamos de Normais Climatológicas parâmetros estatísticos fundamentais que costumam muitas vezes ser o ponto de partida antes de análises mais profundas.


As Normais Climatológicas cumprem uma função importante de representar as características mais básicas de comportamento e magnitude das variáveis meteorológicas em cada período de referência. É por meio delas que podemos dizer, por exemplo, que Petrolina (PE) é o município mais seco do Brasil, com média histórica de precipitação de 419 mm/ano, enquanto Belém (PA) é o mais chuvoso com exatos 3308,3 mm/ano, de acordo com as Normais Climatológicas de Precipitação de 1991-2020 do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET).


Uma maneira visualmente simples e direta de representar as Normais de Precipitação e Temperaturas de um local é por meio de um gráfico conhecido por Climograma, como os dois apresentados na Figura abaixo para Petrolina (a) e Belém (b). Conseguimos desta forma visualizar e entender as características do comportamento médio das variáveis representadas, sendo a Precipitação apresentada em forma de barras e as Temperaturas em linhas, além de tornar possível a comparação das similaridades ou diferenças entre os dois locais.


Climogramas de Petrolina (PE) e Belém (PA), para as Normais Climatológicas do INMET entre 1991-2020.
Climogramas de Petrolina (PE) e Belém (PA), para as Normais Climatológicas do INMET entre 1991-2020. Nota: o primeiro eixo y sempre representa Precipitação (mm) e o segundo Temperatura (°C) em cada gráfico.

Conseguimos ver que os meses mais chuvosos do ano em Petrolina costumam ocorrer no primeiro trimestre entre Janeiro e Março, com média de cerca de 80 mm de precipitação por mês. A partir de Maio até Outubro, os meses mais secos, há uma redução nas chuvas e os volumes mensais passam longe dos 20 mm ao total. As Temperaturas Máxima, Média e Mínima também variam ao longo do ano, com valores mais elevados distribuídas pelo período de Outubro a Março que abrange quase a totalidade das estações de Primavera a Verão no Hemisfério Sul, enquanto que os meses de menores temperaturas em geral estão entre Junho a Agosto quando o Inverno passa a dominar.


Em comparação com o município mais chuvoso do país, Belém, vemos um exemplo de como os contrastes das condições climáticas podem ser marcantes entre duas regiões distintas. O trimestre mais seco em média da capital paraense, que vai de Agosto a Outubro, ultrapassa facilmente a marca de 100 mm de precipitação em cada um dos meses. Somando o volume de chuvas total deste trimestre temos o valor de 384,6 mm, que representa apenas 34 mm de precipitação a menos do que o total anual médio de Petrolina. Ou seja, os meses mais secos do ano em Belém equivalem juntos a quase um ano inteiro de chuvas em Petrolina. 


Fazer essa comparação agora com os três meses mais chuvosos do ano em Belém não seria justo, então considere apenas que o mês mais chuvoso na capital é Março com seus 506,3 mm maiores que o volume do ano inteiro do município do sertão pernambucano. As Normais de Precipitação também mostram que há uma diferença considerável entre os períodos chuvoso e seco em Belém, o que também é um padrão extremamente importante para entender o Clima da cidade. As três temperaturas não costumam variar muito em média ao longo do ano, como é típico na região equatorial amazônica.    


Este conceito de Normal Climatológica é unido ao entendimento do Clima como uma espécie de "entidade" estatística e geralmente costuma ser o início de estudos mais avançados dentro da área de Climatologia. Entender como funciona o padrão médio é importante, claro, mas tudo costuma ser bem comportado dentro das médias e o Clima só começa a ficar mais interessante quando destoa da normalidade e foge dos padrões esperados. É o que vamos começar a ver a partir do próximo post.

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