Uma das características mais interessantes do Clima na Amazônia esteve em destaque durante a partida da Supercopa do Brasil, disputada entre Flamengo e Botafogo no Estádio Mangueirão, em Belém do Pará. Ainda aos 15 minutos iniciais, a partida teve que ser paralisada em quase uma hora por conta de um temporal que começou a cair na cidade em uma tarde que parecia até então ser muito quente.
Para quem conhece o regime de chuvas da capital paraense, a mais chuvosa do Brasil, esse desfecho não chegou a ser uma grande surpresa. A conhecida chuva da tarde de Belém é uma verdade não apenas do saber popular, mas que também reflete-se de forma marcante nos dados meteorológicos da cidade. A estação meteorológica automática do INMET registra o comportamento da precipitação em frequência horária em Belém e nos permite visualizar a distribuição dessa variável ao longo das horas do dia e meses do ano.

O gráfico acima representa a distribuição da contribuição da precipitação horária em Belém no período de 2011 a 2024 em relação à Normal Climatológica de 1991-2020, a partir dos dados estação automática do INMET (A201). É muito claro ver como a chuva na cidade é um fenômeno marcadamente vespertino, embora também possa acontecer em outros momentos à noite e até mesmo pela manhã ainda que em menor volume.
Ou seja, tanto o saber popular quanto a própria Meteorologia parecem não ter sido levados em consideração quando a data da Supercopa do Brasil foi marcada. Pelo gráfico, também é claro que o período de 15h às 18h (horário local) no mês de Janeiro costuma ser bastante chuvoso, então só ficou surpreso com o volume de precipitação durante a partida quem até então não conhecia muito do clima em Belém.
Mesmo assim, a chuva torrencial não deixou de impressionar. Quase 50 mm de precipitação foram registrados pela mesma estação automática do INMET às 16h, um alto volume em pouco tempo, mas felizmente as condições melhoraram e a drenagem do Mangueirão permitiu a continuidade da partida com a sagração do campeão ao final.
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